3/24/2020

Chefe da ONU pede solidariedade, esperança e resposta global coordenada para combater pandemia



À medida que o medo e a incerteza do público crescem em torno da pandemia da COVID-19, "mais do que nunca, precisamos de solidariedade, esperança e vontade política para enfrentar essa crise juntos", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta quinta-feira (19), em sua primeira coletiva de imprensa virtual.

O chefe da ONU disse que enfrentar a emergência de saúde é a sua preocupação número um, e defendeu a ampliação dos gastos com saúde para cobrir, entre outras coisas e "sem estigma", testes, apoio aos profissionais de saúde e garantia de suprimentos adequados.

Sobre o âmbito econômico, salientou: "fundamentalmente, precisamos nos concentrar nas pessoas – nos trabalhadores mais vulneráveis, com baixos salários, pequenas e médias empresas". "Isso significa apoio salarial, seguro, proteção social, prevenção de falências e perda de empregos". Leia a reportagem completa.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, durante coletiva de imprensa virtual sobre a pandemia de COVID-19. Foto: Reprodução

O secretário-geral da ONU, António Guterres, durante coletiva de imprensa virtual sobre a pandemia de COVID-19. Foto: Reprodução

À medida que o medo e a incerteza do público crescem em torno da pandemia da COVID-19, "mais do que nunca, precisamos de solidariedade, esperança e vontade política para enfrentar essa crise juntos", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta quinta-feira (19), em sua primeira coletiva de imprensa virtual.

Diferentemente de qualquer crise de saúde global nos 75 anos de história das Nações Unidas, a pandemia do novo coronavírus está espalhando sofrimento humano, infectando a economia global e prejudicando a vida das pessoas, acrescentou.

Pedindo solidariedade global, Guterres disse: "nossa família humana está estressada e o tecido social está sendo rasgado. As pessoas estão sofrendo, doentes e assustadas".

Como as respostas no nível nacional não podem abordar sozinhas a escala e a complexidade globais da crise, ele sustentou que "é necessária uma ação política coordenada, decisiva e inovadora" das principais economias do mundo.

Guterres disse esperar participar da cúpula de emergência dos líderes do G20 na próxima semana para responder ao "desafio épico" representado pela atual pandemia.

"Minha mensagem central é clara", disse. "Estamos em uma situação sem precedentes e as regras normais não se aplicam mais".

Indicando que "estamos em guerra com um vírus", o chefe da ONU enfatizou que as respostas criativas "devem corresponder à natureza única da crise – e a magnitude da resposta deve corresponder à sua escala".

E embora a COVID-19 esteja matando pessoas e atacando economias, gerenciando bem a crise, "podemos orientar a recuperação em direção a um caminho mais sustentável e inclusivo", disse ele.

"Peço aos líderes mundiais que se unam e ofereçam uma resposta urgente e coordenada a essa crise global", afirmou.

Emergência de saúde

O chefe da ONU disse que enfrentar a emergência de saúde é a sua preocupação número um, e defendeu a ampliação dos gastos com saúde para cobrir, entre outras coisas e "sem estigma", testes, apoio aos profissionais de saúde e garantia de suprimentos adequados.

"Está provado que o vírus pode ser contido. Ele deve ser contido", disse ele, aconselhando a mudança de uma estratégia de país para país a uma "resposta global coordenada, incluindo a ajuda a países menos preparados para enfrentar a crise".

"A solidariedade global não é apenas um imperativo moral, é do interesse de todos", afirmou Guterres, instando os governos a atender plenamente aos apelos da Organização Mundial da Saúde (OMS), dizendo: "somos tão fortes quanto o sistema de saúde mais fraco".

Resposta e recuperação

Como segunda prioridade frente à crise, Guterres citou o impacto social e a recuperação e resposta econômica.

Ele falou sobre o novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) projetando que os trabalhadores poderão perder cerca de 3,4 trilhões de dólares em renda até o final do ano.

Mas o mundo não está passando por um choque comum na oferta e na demanda, "é um choque para a sociedade como um todo", disse ele.

"Fundamentalmente, precisamos nos concentrar nas pessoas – nos trabalhadores mais vulneráveis, com baixos salários, pequenas e médias empresas", explicou o chefe da ONU. "Isso significa apoio salarial, seguro, proteção social, prevenção de falências e perda de empregos".

Ele defendeu que "a recuperação não deve acontecer nas costas dos mais pobres – e não podemos criar uma legião de novos pobres", insistindo na importância de apoiar os trabalhadores da economia informal e os países menos capazes de responder à crise.

Apelando a um compromisso financeiro global, ele observou que o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e outras instituições financeiras internacionais terão um papel fundamental.

Guterres incentivou o desmantelamento das barreiras comerciais e o restabelecimento das cadeias de suprimentos.

Ele também falou do impacto da pandemia sobre as mulheres, dizendo que elas "carregam desproporcionalmente o fardo em casa e na economia em geral", e sobre as crianças, observando que mais de 800 milhões delas estão fora da escola, "muitas das quais dependem da escola para sua única refeição".

"Enquanto a vida das pessoas é perturbada, isolada e revirada, devemos impedir que essa pandemia se transforme em uma crise de saúde mental", continuou o secretário-geral da ONU, indicando a necessidade de manter programas de apoio aos mais vulneráveis, sublinhando que "as necessidades humanitárias não devem ser sacrificadas".

Diante desse cenário, Guterres afirmou que temos a responsabilidade de voltarmos melhores dessa crise.

"Precisamos garantir que as lições sejam aprendidas e que esta crise seja um momento decisivo de preparação para emergências em saúde e para investimentos em serviços públicos essenciais do século 21 e a entrega efetiva de bens públicos globais", disse ele.

Apontando para a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, ele concluiu: "devemos manter nossas promessas para as pessoas e o planeta".

Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil | UNIC Rio


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