12/17/2017

PT-PR realiza atos para cobrar agilidade nas investigações da Operação Quadro Negro


A terça-feira (12) foi marcada por mobilizações em defesa da educação pública e de qualidade no Paraná. O PT-PR organizou atos em cinco cidades do estado, para denunciar os desvios de recursos que seriam investidos na construção de escolas públicas. O esquema de corrupção é apurado pelo Ministério Público por meio da operação denominada Quadro Negro. O objetivo do ato foi cobrar do MP agilidade no processo de investigação.
Os atos aconteceram simultaneamente em colégios estaduais com obras paralisadas ou superfaturadas que são alvo de investigações da Operação Quadro Negro. As manifestações reuniram professores, funcionários de escolas, estudantes e militantes petistas e de movimentos sociais.
Campina Grande do Sul
Na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), em Campina Grande do Sul, o ato aconteceu no Colégio Estadual Bandeirantes, no Jardim Paulista. A escola está com a obra paralisada. Foram pagos pelo governo R$ 4,5 milhões para construção do prédio que deveria ter ficado pronto em fevereiro de 2015, mas está apenas com algumas paredes erguidas. A instituição atenderia 1,8 mil alunos.
No município, outra construção também foi alvo do esquema de corrupção. A obra do Colégio Estadual Ribeirão Grande, deveria ser concluída em janeiro de 2015, mas no local há um terreno abandonado. O governo estadual pagou R$ 3,3 milhões para a construtora. O colégio poderia atender 1,8 mil alunos.
Os estudantes, maiores prejudicados com a paralisação das obras foram representados pelo movimento estudantil. “O governo do Estado é o inimigo número um do estudante. Esse governo tem fechado turmas, tem prejudicado a dinâmica e funcionamento das escolas por meio de cortes de funcionários. Não bastasse todos esses ataques, ainda consegue de forma muito articulada desviar verbas de nossas escolas”, disse Gabriel Francisco de Souza Pires, presidente da Associação dos Estudantes Secundaristas de Campina Grande do Sul.
“Precisamos de escolas novas em nosso munícipio, mas infelizmente o dinheiro sumiu, foi subtraído. As condições da educação em nosso município são precárias”, comentou Daniel Dias, professor da rede estadual em Campina Grande do Sul.
Rio Negro
Ainda na RMC, no município de Rio Negro, os militantes realizaram uma panfletagem para denunciar o caso de corrupção. Lá, o Colégio Estadual Lysimaco Ferreira da Costa, conhecido como colégio agrícola de Rio Negro, está com a obra paralisada. Foram pagos pelo governo R$ 3,3 milhões para construção do prédio. A obra foi iniciada em dezembro de 2013, mas quatro anos depois, os três blocos que abrigariam salas, alojamentos e o setor administrativo têm só parte da construção erguida.
Santa Terezinha de Itaipu
No oeste do Paraná, em Santa Terezinha de Itaipu, o ato em defesa da Educação foi realizado no Colégio Estadual Arcângelo Nandi, que está com a obra paralisada desde 2015, por conta do esquema de corrupção investigado pela Operação Quadro Negro. Foram pagos pelo governo R$ 3,7 milhões para construção do prédio.
Cornélio Procópio
Em Cornélio Procópio, região do Norte Pioneiro, os manifestantes se reuniram em frente ao Colégio Estadual William Madi. A escola teve obra iniciada em dezembro 2014 e está parada há mais de dois anos. Foram pagos pelo governo R$ 3,9 milhões para construção do prédio, com um aditivo no valor de R$ 974 mil. O contrato previa a construção de 14 salas de aula, refeitório e biblioteca para atender 1,2 mil alunos.
Curitiba
A ação em Curitiba foi dividida em duas etapas. A primeira delas aconteceu no Colégio Estadual Amâncio Moro. A escola é a única, das investigadas na Operação Quadro Negro, que foi 100% concluída. O governo pagou R$ 2,8 milhões para a obra, mas o MP apontou que houve superfaturamento na construção, que possui bancos quebrados, vazamentos e materiais de baixa qualidade.
O segundo ato na capital aconteceu na Boca Maldita, onde os militantes realizaram uma panfletagem e conversaram com a população.
“Nós educadores estamos sofrendo na pele com essas ações do governo, especialmente essas apuradas pela Operação Quadro Negro. A sociedade está a par do que está acontecendo, mas está anestesiada. Esse ato é importante para mostrar à sociedade o que o governador Beto Richa vem fazendo com a educação. Na televisão ele mente com propaganda de que prioriza a educação, mas na realidade isso não acontece. Esses desvios de verbas atingem diretamente o cotidiano das escolas, a merenda escolar, o dia a dia de nossos alunos”, comentou Veroni Salete, professora da rede estadual na região sul de Curitiba.
Para Marcelo Oliveira, vice-presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), cabe aos estudantes cobrar e não deixar que isso tudo caia no esquecimento. “É muito triste ver uma escola parada, uma obra dessa sem ser finalizada. O momento é da juventude se mobilizar, cobrar o que é nosso”, apontou.
Celeridade nas investigações
O deputado estadual Professor Lemos, líder do PT na Assembleia, acompanhou o ato realizado em Campina Grande do Sul e ressaltou a importância de cobrar celeridade nas investigações. “Essas escolas que já deveriam estar prontas há alguns anos e atendendo um grande número de estudantes foram abandonadas. Em algumas regiões com obras paralisadas os alunos estão estudando em locais improvisados, sem qualquer adequação, colocam os alunos, professores e funcionários em risco. Isto é uma vergonha. Os corruptos e corruptores precisam ser punidos. As escolas precisam ser finalizadas. A comunidade escolar precisa ser respeitada”, apontou.
O deputado estadual Tadeu Veneri (PT), líder da oposição na Assembleia, também esteve presente. “Estivemos no ato no Colégio Amâncio Moro, em Curitiba, para impedir que essas graves denúncias contra o primeiro escalão do governo tucano do Paraná não caiam no esquecimento. Na Assembleia Legislativa, desde fevereiro de 2016, estamos buscando assinaturas para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para identificar como o dinheiro da educação foi parar em campanhas eleitorais, como já apontam as investigações do Ministério Público Estadual. Não podemos deixar que saiam impunes aqueles que se apropriaram dos recursos que deveriam beneficiar nossos estudantes e professores.  A sociedade deve se mobilizar para que essas investigações tenham um desfecho e que os recursos sejam devolvidos para a população”, afirmou.
O secretário geral do PT-PR, Angelo Vanhoni, também participou do ato no Colégio Amâncio Moro, em Curitiba. Durante sua fala, Vanhoni destacou que o desvio de recursos lesiona professores, alunos e toda a sociedade paranaense. “Destinaram dinheiro público a grupos empresariais e políticos do nosso estado. Essa ação realizada nos municípios é importante para chamar a atenção da comunidade e cobrar do Ministério Público que dê continuidade à investigação. A sociedade merece uma resposta, pois o que está em jogo é o futuro das crianças do estado do Paraná”.
A vereadora de Curitiba, Professora Josete (PT), participou da panfletagem realizada na Boca Maldita. “É importante que aconteçam atos como esse para tornar público o desmonte que o Governador Beto Richa está fazendo na área de educação. Já ficaram comprovados os desvios por meio da Operação Quadro Negro e é necessário que a justiça acelere esse processo. Numa época em que se fala tanto em crise, desviar recursos da construção de escolas, um direito dos estudantes, é inadmissível. Portanto, acredito que este ato foi fundamental para que a sociedade se envolva, debata sobre o que está acontecendo”.
Dr. Rosinha, presidente do PT-PR, questionou a morosidade do Ministério Público do Paraná. Para ele, as aulas públicas desta terça-feira (12) serviram para pressionar o órgão. “O Ministério Público do Paraná iniciou as investigações, mas agora tem se negado a tocá-las. O órgão é tão ágil para investigações de alguns e tão ameno quando outros são investigados”, apontou Rosinha.
A Operação
Das sete obras investigadas na primeira fase da Operação Quadro - que apura desvios de dinheiro público na construção e reforma de colégios no Paraná - seis estão paradas.
Todas as licitações foram vencidas pela Construtora Valor que recebeu o dinheiro, mas não entregou as obras. Mais de R$ 20 milhões foram desviados. O dono da construtora, Eduardo Lopes de Souza, fechou colaboração premiada, e apontou que o dinheiro abastecia a campanha de reeleição do governador Beto Richa (PSDB).
Segundo o delator, o então superintendente de Educação, Maurício Fanini, esperava arrecadar R$ 32 milhões com os desvios. Além disso, Lopes de Souza apontou envolvimento do chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB) e do deputados Ademar Traiano (PSDB) e Plauto Miró (DEM).
Vale lembrar que o MP-PR afastou o promotor Carlos Alberto Choinski, um dos responsáveis por inquéritos da Operação Quadro Negro. Choinski, protocolou sete ações contra deputados estaduais, participou de duas delações premiadas e caminhava para finalizar processos de improbidade administrativa relativos a políticos do Paraná.
Nova fase da Quadro Negro
Ainda com o processo da primeira fase em andamento, a Operação Quadro Negro ampliou a investigação. A nova fase atinge outras 13 construtoras. São pelo menos outros 18 colégios de diversas regiões do Paraná vítimas dos desvios e do descaso com a educação.

Texto: PT Paraná
Entrevistas: Porém.net

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