12/01/2017

No Rio, especialistas buscam soluções para problema sistêmico do lixo nos oceanos

A responsabilidade sobre as toneladas de lixo jogadas todos os anos nos oceanos do mundo é compartilhada. Trata-se de um problema sistêmico cuja solução poderá vir da ação de empresas e do poder público, mas também de indivíduos e da sociedade civil. A conclusão é de especialistas que participaram de seminário esta semana no Rio de Janeiro sobre o tema.
Organizado pela ONU Meio Ambiente e parceiros, o I Seminário Nacional sobre Combate ao Lixo no Mar foi concluído nesta quarta-feira (8) após debates, compartilhamento de dados e detalhamento de práticas bem-sucedidas.
A responsabilidade sobre as toneladas de lixo jogadas todos os anos nos oceanos do mundo é compartilhada. Trata-se de um problema sistêmico cuja solução poderá vir da ação não só de empresas e do poder público, mas também de indivíduos e da sociedade civil. A conclusão é de especialistas que participaram de seminário sobre o tema nesta semana no Rio de Janeiro.
Organizado por ONU Meio Ambiente, Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP), com o apoio da organização World Animal Protection e do Consulado Geral da França no Rio de Janeiro, o I Seminário Nacional sobre Combate ao Lixo no Mar foi concluído nesta quarta-feira (8) após debates, difusão de dados e detalhamento de práticas bem-sucedidas.
Presente na abertura do evento, na segunda-feira (6), a representante da ONU Meio Ambiente no Brasil, Denise Hamú, destacou as dimensões continentais do Brasil e sua ampla costa. "Há 17 estados e 397 municípios costeiros no Brasil. É muita coisa. Não estamos falando de uma área pequena, estamos falando de um esforço considerável", declarou.
O seminário foi o primeiro passo do processo de elaboração do Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar, a ser desenvolvido pelo governo federal. Compromisso assumido durante a Conferência dos Oceanos, realizada em Nova Iorque em junho deste ano, a estratégia nacional reconhece a urgência do tema e a necessidade do esforço organizado de todos os setores da sociedade.
O evento no Rio serviu para um primeiro mapeamento de atores, pesquisas, impactos e soluções. Em 2018, encontros setoriais aprofundarão as discussões sobre as medidas necessárias que deverão constar no plano.
Denise Hamu explicou que a ideia foi começar a discussão de maneira organizada, porque já existem muitos atores da sociedade civil e ONGs que trabalham com o tema. "Queremos nos somar a essas iniciativas que existem e, quem sabe, ajudar, para que possamos ter uma política nacional robusta, que responda à escala do país e seja viável e factível", completou.
Também presente na abertura do evento, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, lembrou que a participação do governo federal no seminário é a primeira ação relativa ao compromisso voluntário assumido pelo país para a elaboração do Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar.
"Responsável por mais de 8 mil quilômetros de faixa litorânea que abriga mangues, dunas, restingas, ilhas, falésias, estuários, recifes, e representa uma das maiores zonas costeiras em escala mundial (…), o Brasil é país de relevante patrimônio de biodiversidade marinha, a qual está submetida a crescente pressões ambientais, como a poluição e a mudança do clima", declarou.
"Esta agenda é tão crucial para nós que assinei recentemente na sede da ONU a adesão do Brasil à campanha 'Mares Limpos'", disse o ministro. "Não tenho a menor dúvida que a expectativa de todos aqui presentes é avançar na troca de estudos e experiências relacionadas ao enorme desafio que representa o lixo no mar", completou.
Lançada em junho deste ano pela ONU Meio Ambiente, a campanha "Mares Limpos" (www.cleanseas.org) terá ações durante cinco anos com o objetivo de conter a maré de plásticos que invade os oceanos.
Nos últimos 20 anos, a proliferação de resíduos descartáveis e microesferas de plástico tornou o problema do lixo marinho ainda mais sério. A menos que os países ajam agora, os mares serão atingidos por uma maré de plásticos provocada pelo consumo humano, segundo a agência das Nações Unidas.
A representante da ONU Meio Ambiente no Brasil, Denise Hamú, destacou a intenção da Organização de se somar a iniciativas já existentes de combate ao lixo no mar. Foto: UNIC Rio/Pedro Andrade
A representante da ONU Meio Ambiente no Brasil, Denise Hamú, destacou a intenção da Organização de se somar a iniciativas já existentes de combate ao lixo no mar. Foto: UNIC Rio/Pedro Andrade

Danos ambientais provocados pelo plástico

Os resíduos plásticos têm sido identificado como uma das principais causas de danos ambientais e problemas de saúde — poluem ambientes, matam aves, peixes e outros animais que os confundem com alimentos, danificam terras agrícolas, degradam destinos turísticos e podem servir como criadouros para os mosquitos da dengue, zika e chikungunya.
No entanto, o uso dessa matéria-prima teve forte crescimento nas últimas décadas. Segundo dados citados pela ONU Meio Ambiente, em 2016, 5,8 milhões de toneladas de produtos plásticos foram produzidas no Brasil.
Globalmente, até 2015, a humanidade produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico. Desse montante, cerca de 6,3 bilhões já foram descartadas e cerca de 8 milhões de toneladas chegam aos oceanos todos os anos.
Boa parte é composta por descartáveis, como copos, sacolas, canudos, garrafas, e microplásticos (pequenas partículas), incluindo microesferas usadas em produtos cosméticos.

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