Estudo desenvolvido nos Estados Unidos e Cingapura mostra que material presente nas construções das metrópoles absorve dióxido de enxofre
Por: Altair Santos (Boletim Massa Cinzenta)
Pesquisadores da Stony Brook University, nos Estados Unidos, e da Universidade Nacional de Cingapura descobriram que o concretopresente nas cidades, seja em prédios, pavimentos, viadutos, pontes e outras obras, funciona como esponja, absorvendo um dos poluentes mais nocivos à vida: o dióxido de enxofre (SO2). O gás é expelido desde erupções vulcânicas até fermentações alcoólicas. Nas metrópoles, a queima de combustíveis pelos veículos automotores também despeja um grande volume de SO2 na atmosfera. Além disso, o dióxido de enxofre é um dos causadores da chuva ácida.
O estudo detectou que quanto mais novo o concreto mais ele tem capacidade de absorver poluentes, principalmente o SO2. “Isso reforça a necessidade de reciclagem do material. Mas o mais importante é que descobrimos soluções ambientais em um produto antes apenas tachado de poluidor”, ressalta Orlov. “Isso pode levar a um novo pensamento dentro das cidades”, completa. Na pesquisa desenvolvida pelas universidades dos EUA e da Cingapura foram testados vários tipos de concreto para ver qual conseguiria os maiores níveis de absorção do dióxido de enxofre. A conclusão foi que todos mantiveram desempenhos semelhantes.Segundo os pesquisadores, a descoberta de que o concreto pode absorver o gás poluente tende a mudar o preconceito ambiental contra resíduos do material, permitindo que os descartes de obras deixem de ser vistos como vilões, desde que bem aproveitados. “Nossas descobertas abrem a possibilidade para que os resíduos de concreto provenientes de demolições da construção possam ampliar esse efeito-esponja”, diz Alex Orlov, professor-associado de ciência de materiais e engenharia química na Faculdade de Engenharia e Ciências Aplicadas na Stony Brook University, e um dos coordenadores da pesquisa.
Organização Mundial de Saúde
O resultado do estudo foi publicado no Journal of Chemical Engineering, com o seguinte título original: “Reactions of SO2 on hydrated cement particle system for atmospheric pollution reduction: A DRIFTS and XANES study”. A Stony Brook University e a Universidade Nacional de Cingapura polarizaram a pesquisa por possuírem laboratórios de luz síncrotron. As instituições acadêmicas também integram programas da Organização Mundial de Saúde com foco na busca de soluções para o combate à poluição nos centros urbanos. Segundo a OMS, sete milhões de mortes prematuras em todo o mundo podem estar ligadas à má qualidade do ar nas cidades.
A pesquisa concluiu ainda que concretos aparentes desempenham melhor a função esponja do que concretos cobertos por algum tipo de revestimento. Diante desta observação, o coordenador do estudo avalia que vias com pavimento rígido e edifícios com fachadas brutalistas são mais eficazes. “O concreto revestido também cumpre essa função de absorver poluentes, mas em menor grau”, adverte Alex Orlov. Os resultados do estudo ainda podem ser aprofundados, pois as primeiras impressões foram publicadas na edição de 1º de julho de 2017 no Journal of Chemical Engineering.
Clique aqui e saiba mais sobre a pesquisa.
Fonte: Boletim Massa Cinzenta
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