4/29/2017

Opinião: De que lado você está? (por André Singer)




O mais explícito confronto classista promoveu a maior unidade popular de que se tem notícia até hoje no Congresso Brasileiro

Líderes de partidos oposicionistas usavam os microfones para afirmar que, por trás da derrocada da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), estavam 200 parlamentares empresários, filiados às agremiações governistas.

O PT lembrou-se, em uníssono, de onde vem o T da sua sigla. Cada um dos membros da bancada fazia questão de declarar, orgulhoso, o voto contrário ao esbulho da legislação.

PSOL, PDT, Rede, PMN, Solidariedade, PSB, enfim, legendas que têm algum vínculo com o mundo do trabalho, brandiam vistosos cartazes com uma carteira de trabalho rasgada.

Um parlamentar do PC do B, ele mesmo operário metalúrgico, chegou a vestir um macacão para protestar contra a retirada de antigos direitos dos trabalhadores.

No final de contas, contudo, 296 representantes do povo votaram a favor do emprego sem horário fixo e para que não haja obrigatoriedade de pagamento pelo piso da categoria ou pelo salário mínimo na remuneração por produção, entre muitos outros retrocessos.
Da outra parte, 177 se manifestaram contra as propostas patronais.

Ficara claro de que lado estava, naquela noite, a maioria da Câmara.
A resposta veio na sexta, 28 de abril.

Na que talvez tenha sido a maior paralisação nacional desde os anos 1980, a base da sociedade mostrou que começa a reagir. Agora, precisamos preservar a democracia para que, mesmo de maneira lenta e paulatina, seja possível construir uma representação majoritária capaz de reverter a batalha histórica perdida nesta semana.

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